Há Homens assim!

Há Homens assim!


Ainda pedala, aos fins-de- semana, dezenas de quilómetros pela marginal do Douro e às 5h30 já está no barco, entre Gramido e Afurada, a pescar robalos! A caça é que já ficou para trás!

Se ainda hoje tem pedalada não admira saber que foram homens assim, como ele, que em Gondomar muito deram do seu capital e dedicação pessoal ao dinamismo associativo nos meados do século passado. Hoje, talvez seja caso único em Portugal, aos 86 anos de idade ser, simultaneamente, sócio nº1 de três coletividades em Gondomar, Clube de Caçadores de Gondomar, Clube Gondomarense (o mais antigo do Concelho) e dos Bombeiros Voluntários de Gondomar, de que foi Presidente e também do Grupo Columbófilo de Gondomar e posteriormente sócio fundador do Clube Ornitológico de Gondomar, Quando jovem foi motorista da ambulância da Cruz Branca, fundada por eu pai, saudosa e generosa figura Gondomarense, Sr. Manuel da Silva Monteiro, que sempre se distinguiu por ajuda ao próximo e de quem o filho herdou as qualidades de dar materialmente muito do seu tempo ao associativismo gondomarense. Escusado será dizer que, como diz o poeta “mudam-se os tempos mudam-se as vontades” e após 25 de Abril também sofreu o saneamento da “praxe”, tanto no Clube Gondomarense como nos Bombeiros Voluntários de Gondomar, onde afinal, em Assembleia Geral, para a sua destituição o motivo era, entre outros, a falta de chinelos no quartel, quando, quantos vezes ele e os colegas da Direção tinham de despender cabedais próprios para pagar vencimentos. Nada disso contava! No Clube Gondomarense, quando quiseram destituí-lo das suas funções de Presidente ficou exarado em acta que “compreendia tal atitude porque estava na moda”. A proposta da sua destituição não colheu a maioria dos votos, porém, perante tal ingratidão retirou-se, tanto do Clube como dos Bombeiros! Mais tarde o proponente da sua destituição foi expulso do Clube Gondomarense.

Recentemente, nos cem anos do Clube de Caçadores lá estava ele, tudo fresco e pronto a ajudar.

São homens assim que dinamizam e engrandecem uma terra.

Este homem; José Emílio Cardoso dos Santos Monteiro, (ourives) que integrou e presidiu vários elencos diretivos de diversas coletividades, merece o nosso maior respeito. Conversar com ele é ouvir uma enciclopédia oral sobre associativismo, política, usos e costumes de Gondomar e do País, que conheceu de lés-a-lés, devido a digressões venatórias e piscatórias.

Há homens assim que engrandecem terras e comunidades.

Deles todos precisamos.

A minha gratidão.

Acho que também a merece da jovem Federação das Coletividades de Gondomar.

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Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo

Gondomar