Figas no Jornal de Notícias

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Aquando da entrevista ao JN nos seus 120 anos.

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Pensamento do Conde:
O poder não reside em quem pensa que manda mas sim em quem desobedece.

domingo, 20 de junho de 2010

“Não há bancos em Gondomar para a gente se sentar”

“Não há bancos em Gondomar para a gente se sentar”

Quinta-feira. Céu azul, ar ameno, fui assistir à reunião pública da Câmara, enquanto minha esposa foi à feira. Quando entrei na exígua sala de sessões, já os trabalhos tinham começado sob a presidência do Major Valentim, mas ainda fui a tempo de ter o desprazer de ouvir o seu Vice a usar o verbo impingir. Tratava ele de convencer a oposição, que tinha interplado a Câmara, sobre a bondade dum negócio de permuta de terrenos entre a Câmara e terceiros, e o esforço que ele tinha feito em impingir a parte da Câmara!
-“Andei a impingir (...), disse ele.

Convenhamos que o verbo impingir não é, éticamente, o mais adequado de glórias públicas duma autoridade administrativa; a Câmara, como representante da República numa permuta de terrenos com terceiros. Mas enfim! Em cada um, normalmente, vem ao de cima a formação do seu carácter! Neste caso o verbo impingir surgiu espontâneamete!
Agora compreende-me melhor quem e o que andaram a impingir aos Gondomarenses!

A sessão continuou, tendo o PS levantado a questsão de recentes e continuados furtos de tampas de sarjetas na via pública! Mais tarde, eu próprio constatei tal facto, pois que ia metendo o carro numa sarjeta sem tampa, na zona requalificada junto ao rio, em Valbom. Questão que ficou para levar ao conhecimento das autoridades. Também me apercebi que estão sendo feitos alguns cortes nos apoios às associações, até porque as receitas estão a baixar, ouvi! Terminado o despacho dos assuntos correntes, o Presidente retirou-se, por questões de saúde. Eu também saí para ir apanhar minha cara metade. Ao chegar ao Pingo Doce, estacionei e resolvi parar e esperar encostado, à sombra duma framboeseira.

Perto de mim, um senhor, natural de Lamego, já entrado na infância da terceira idade, a outro dizia que o que lhe dava alegria para viver era ter um bom filho, que estava muito bem na vida, mas que ele, como bom pai, também tinha investido muito nele. Como já me tinha lançado um olhar, como que a convidar-me a entrar como receptor da grandeza do filho, atrevi-me a perguntar:

-“Seu filho é empreiteiro de construção civil aqui em Gondomar?

-“Não. É ourives.”

-“Ourives?!
Mas os ourives fabricantes estão a acabar em Gondomar!
O que agora há são comerciantes de ourivesaria!” Repliquei.

-“Pois. Ele também tinha uma oficina, mas fechou-a! Havia muitos desvios!
Agora tem grandes armazéns de ourivesaria. Sabe uma coisa? Aqui é uma boa terra para se ganhar dinheiro! O que não há em Gondomar é um banco para a gente se sentar!.”

Eu disso já sabia, e passe algum exagero, Gondomar, com as suas três cidades, realmente é duma pobreza franciscana em termos de parques e jardins, mas isto dito por um forasteiro lamecense doía em ouvir, mas é a triste realidade!

Em seguida, ouvi-o discorrer sobre belos jardins e parques que Lamego tem. Conheço-os, e, aliás, não é preciso ir longe para ver a triste figura de Gondoamar neste domínio!
Entretanto, como já avistava a minha cara metade de regreso da feira, dei os meus parabéns pelo filho que tinha e recomendei cuidado com os gatunos.
Chegado a casa, ainda tinha duas campainhas na cabeça a retinir;
uma era aquela do Vice- Presidente da Câmara, com a sua expressão “andei a impingir”.

A outra era a do lamecence que afirmou:
-“Gondomar não tem um banco para a gente se sentar”

Chamem o nosso Vice, para impingir ao lamecense os maravilhosos parques e jardins que há nas três cidades de Gondomar!
Onde? Onde?
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Autor:Silvino Taveira Machado Figueiredo
Gondomar

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