Figas no Jornal de Notícias

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Aquando da entrevista ao JN nos seus 120 anos.

Poder

Pensamento do Conde:
O poder não reside em quem pensa que manda mas sim em quem desobedece.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Não Há Natal sem natalidade


Durante séculos e séculos a Humanidade precisava de braços para trabalhar a terra que a sustentava. Hoje, o que precisa é só de algumas cabeças e muitas máquinas e robôs, não de braços! Os modernos meios tecnológicos permitem que apenas milhares façam o que milhões “precisam”.

A ânsia de se ter acesso aos bens matérias à disposição, leva ao aumento da actividade laboral para os conseguir , o que implica maior exigência de conhecimentos tecnológicos e disponibilidade de mobilidade. Aqui, a antiga estabilidade na fixação dos povos às terras foi alterada, passando da transumância pastoril para a transumância técnica! Já não faz sentido ter residência fixa, mas sim uma tenda social e percorrer os parques de campismo sociais perto do trabalho. Hoje, a garantia de trabalho não existe, e se antigamente os contratos eram feitos para um longo horizonte temporal.

Agora trabalha-se quase ao mês e não tarda que só à hora. Com a preocupação de competir, competir, produzir, produzir, perdeu-se o sentido de Estado no desenvolvimento do país como um todo e não só para alguns! Vive-se um problema existencial: Ser ou Ter? Ser Homem pelo que se tem ou pelo que se é!

Se antes a terra exigia braços para a trabalhar, hoje há o paradoxo de quererem que haja barrigas para consumir mas não para produzir futuros consumidores! Com a aquisição de mais conhecimentos e maior consciência social é natural que os casais pensem bem antes de deitarem um filho ao mundo para ser triturado pela máquina da competitividade. O Estado está a perder o seu papel de pai protector para com suas filhas, não as protegendo no seu papel de maternidade. Hoje, considerando o custo social da educação e transportes, como é possível um casal encarar a hipótese de ter três filhos. Só para ter um carro, ter três cadeiras (com 23% de IVA), mensalidade do colégio, qual a garantia da estabilidade dum emprego e residência fixa para uma progressão estável? Além do mais, o medo da SIDA, e outras, leva a que a concepção dum filho seja inserido na filosofia actual: programado e não o que Deus quiser. Infelizmente, Deus não paga estudos nem dá formação profissional contínua. Por isso, esta questão da redução da natalidade compara-se à expressão poética:

“Natal é quando Homem quiser”

É pura utopia esperar que os casais tenham a responsabilidade de ter filhos quando o Estado cada vez mais tem menos políticas sociais de apoio às famílias e ao incentivo da procriação, a Bem da Nação, a não ser que o futuro da Humanidade seja só de robôs e que não sejam necessários filhos, pais e avôs! Então, tudo bem. Não se precisará de ninguém! Teremos robôs agricultores, professores engenheiros robôs, doutores robôs, juízes robôs, restaurantes robotizados, comida robotizada, deuses e santos robôs, milagres robotizados. Finalmente o Ter reinará! Será chinês?

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Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo

(o figas de saint Pierre de lá-buraque)

Gondomar

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