Figas no Jornal de Notícias

Figas no Jornal de Notícias
Aquando da entrevista ao JN nos seus 120 anos.

Poder

Pensamento do Conde:
O poder não reside em quem pensa que manda mas sim em quem desobedece.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Quem do alheio veste na praça o despe.

Quem do alheio veste na praça o despe!

S. Pedro corria dum lado para o outro! Recentemente, tinha mandado fazer obras no Céu, por isso mesmo ainda não estava bem habituado aos cantos da casa, que, anteriormente, era uma ampla esfera celestial, sem esquinas para que os Anjos e Arcanjos não se magoassem nas brincadeiras.
Tinha chegado o dia da ressurreição dos mortos.

S. Pedro andava tão atrapalhado que chegou mesmo a pensar em pedir ajuda ao Diabo. Ele era divisões e mais divisões para os condenados e outras tantas para os absolvidos e premiados. Também, havia áreas reservadas para os que teriam de seguir para o Purgatório. Às poucas chaves que S. Pedro até então tivera, tinha agora que juntar mais uma caterva delas para as recém divisões criadas. O pobre Santo nunca tivera tanto trabalho burocrático e tremia todo ao pensar na elaboração das guias de marcha para todo o pessoal. Andava muito assustado, até porque Deus andava amuado devido às obras no Céu terem ficado mais caras, cerca de cem por cento, do que inicialmente previsto.
Afinal, Deus também se enganara! No meiso deste setress, S. Pedro tinha saudades das boas pescarias, até que lhe aparecera Cristo, que o arregimentou para uns comícios religiosos assegurando-lhe emprego eterno de Porteiro do Céu. Aliás, bem remunerado, com direito a festas terrenas em seu nome e com o respectivo fogo-de-artifício. No meio da lufa-lufa de preparação para o dia da ressurreição, o Diabo batera à porta do Céu. Foi atendido pela nova secretária do Careca, era assim que o Diabo chamava a S.Pedro. Tratava-se duma freira, com boa barriga e em traje de gala. Era chefe do serviço de informática, que organizaria todo o sistema de dados dos recém-chegados e as penas aplicadas. O Diabo pediu para falar com S. Pedro. Queria saber, atempadamente, quantas almas condenadas iria receber com o fim de, antecipadamente, fazer contratos de forneceminto de lenha, carvão ou, caso fosse mais económico, falar com EDP. para aumentar a potência da energia fornecida.

Uma central nuclear, só para alimentar o Inferno não estava fora de questão, mas tudo dependia de prévios estudos de impacte ambiental. Tudo dependia da carne a churrascar. Tanto sarnou S. Pedro, que este, já cheio de o aturar, mandou-o para os quintos do Inferno! Rabo entre pernas, Satanás retirou-se, mas foi avisando que se não tivesse lugares personalizados para as Almas condenadas, então que não o acusassem de desrespeitar os direitos humanos das Almas. Tanto mais que Satanás não estava disposto a fezer Infernos sociais para as almas mais desfavorecidas, que já tinham vivido nos infernos abarracados na Terra. Todos diziam que ele era um pobre diabao, mas o Diabo tinha brios. Queria que o Inferno tivesse conforto e que não faltasse nada. Além do mais, S. Pedro sempre podia recorrer aos fundos comunitários celestiais. O problema é que não havia quem soubesse fazer a candidatura. Aqui, a tal freira da informática, que tirara um curso de formação profissional de bytaites, prontificou-se a preencher os formulários, desculpando S. Pedro, por ele só saber fazer uns gatafunhos em placas de argila!

Entretanto, Deus, já muito mais velho e muito alquebardo, que até os trovões já não lhe saíam com a força de outrora, e nos relâmpagos até já usava pilhas, apesar de já ter tentado umas sessões de fisioterapia na clínica “Cuidados Celestiais”, onde entrara disfarçado de reformado da Casa do Povo dos Deuses. Aliás, ele, antes da reforma, só tinha trabalhado como lavrador de Almas.

Na sala de comando dos comandos dos mecanismos dos instrumentos de medição do tempo universal Deus vigiava o aproximar da hora inexorável do fim do Mundo, a que se comprometera pela voz dos seus profetas. Ainda pôs em equação a hipótese de dar mais uns séculos de vida ao Universo, mas vendo que só tinha tido um filho e que este não estava muito interessado, devido aos maus tratos que sofrera na Terra, em continuar o negócio, resolveu fechar a tasca e fazer o balanço geral.

Cristo, entregue a um tutor durante a jsua juventude, quando fazia visitas ao Pai, este mandava-o entrar para o seu escritório e lá ficava, calado, a observar o frenesim do Pai no despacho de milagres , recebidos pelo pessoal desesperado. Para o entreter, enquanto trabalhava, Deus dava-lhe livros de magia de banda desenhada sobre como fazer milagres instantâneos, com que depois Cristo se divertia nas feiras da Judeia com os truques que aprendera.
A anarquia nos pedidos de milagres era grande, desde um gladiador que queria ganhar um combate, um corredor que queria ganhar a corrida das quadrigas, outros pediam a libertação da escravatura, ou ficarem livres das legiões romanas! Só mais tarde, para impor um pouco de disciplina, é que surgiram os santos, cada um com a sua especialidade; S. Luzia, para os olhos, S. Clara, para a voz, S. Cristovão, para os caminhantes, S. Simão, para as partes baixas dos homens e N. Senhora de Fátima para tudo, que chegava sempre com um camião TIR, carregado de pedidos e que entrava sempre pela porta do cavalo, passando à frente da pobre fila dos santos, que murmuravam:
-“Não há direito! Até no Céu há cunhas e falta de respeito”
Cristo, vendo a azáfama do Pai, em despachar as cunhas, logo decidiu que aquela vida não era para ele! Era um moço moderno. Aliás, avisou seu Pai para que não pensasse criar vida em Marte e lá abrir uma filial humanóide e depois o mandasse pregar aos Marcianos.

Cristo não era comunista e não simpatizava com a cor vermelha do planeta nem com o tamanho dos calhaus que a N.A.S.A tinha mostrado na televisão!Também, gostou muito que Deus, seu Pai, não lhe tivesse dito nada! Deus respeitava a vontade de seu filho, porque, por um lado, era de maior idade e, por outro, pertencia à Santíssima Trindade; logo tinha os seus direitos de opinião.

Anjos e Arcanjos, que devido às suas inúemra vindas cá abaixo, tinham um pressentimento, embora não o dissessem a seu Amo, de que no final das contas, apartadas todas as Almas, o Diabo ficaria a beneficiar, pois teria muitas mais Almas no Inferno que Deus no Céu! Era evidente que, devido às promoções e ao marketing do pecado, o Diabo arranjara mais Almas com os crimes de tráfico de droga, de pedofilia, de lavagem de dinheiros, de corrupção, de fraudes bancárias, de bancarrotas fraudulentas, etc, Lúcifer seria muito smais beneficiado.
Foi um erro divino, quando Deus criou o Mundo não ter acabado com o Diabo. Satanás foi muito mais criativo! Chegou a oferecer virgens no Céu aos homens-bomba que cometessem actos de terrorismo, dizendo que Deus aprovava a oferta.
A razão de haver tantas virgens no Céu é devido aos homens, que para lá vão, não terem feito mal a uma mosca na Terra. Claro, que não chegou a explicar para que serviam as virgens se os terrorristas chegavam lá com a caixa da ferramente desfeita!

Deus era muito conservador e muito vago nas promessas das delícias celestiais oferecidas! Alguns, entre Anjos e Arcanjos, achavam que se devia promover viagens interplanetárias e galácticas; criar um rede de Pousadas, tipo INATEL, com boa gastronomia e boas sobremesas; tais como barrigas de freiras. Todavia, nunca tiveram a ousadia de criticarem Deus por ter permitido a existência maligna do Diabo, pois que sendo Deus omnipotente , podia perfeitamente pô-lo K.O. A única explicação, é que não havendo pecados não haveria trabalho para todos os que se dedicavam ao trabalho de os perdoar em nome de Deus e receberem seus réditos, de que só davam percentagens em incenso. Assim, desde há muitos séculos que deus governara o Mundo, em sociedade com a trindade do mal: Diabo, Lúcifer e Satanás, ajudados por demónios equivalentes aos Anjos. Assim, foram séculos de convivência entre o Bem e o Mal. Cada qual com a sua parte e certmente sob a vigilância dum Trunal Arbitral de Contas, que em caso de reclamação decidia para quem iam as Almas; se para Deus se para o Diabo. Claro está, que isto só acontecia quando Deus tinha algumas dúvidas e dava uma de democrata, deixando o Tribunal desempatar!
Finalmente, chegado o instante final, Deus desligou o Sol e logo tudo morreu de frio. Foi instantâneo, porque Deus não queria dar ilusões de recuperação à industria têxtil. Num ápice, biliões de corpos ressuscitados chegaram ao parque de recepção. A guarda celestial, multilingue, estava a postos para manter a ordem e os serviços sociais iam distribuindo sandes e água enquanto não eram julgados!

Todavia, não tardou que se gerasse a confusão total. Um corpo viu noutro o seu coração e logo correu atrás dle, gritando:
-“Alto. Esse coração é meu”
-“Comprei-o”, ripostou o outro, que tentava fugir ao antigo dono do coração, que já sem fõlego caíu, mas exclamando que quem do alheio veste na praça o despe. As opiniões dos presentes logo dividiram, porque não era justo que a Alma dum corpo fosse beneficiada ou prejudicada tendo um coração doutro. Ou se ressuscitava com tudo o que é próprio ou então perdia-se direitos!
Uns dizia que sim, outros que não. Entretanto, enquanto estavam a discutir esta questão, outros corpos corriam, desalmadamente, ao verem seus seus fígados transplantados noutros transplantados!
Também havia casos de rins e outro afins!

Deus estava cabisbaixo! Não previra o transplante de órgãos! Agora tinha que resolver o castido ou prémio a quem tinha vivido metade da vida com o coração alheio, idem aspas com f
Fígados e outras miudezas. Quem iria beneficiar das boas ou más acções? Corpos donde esses órgãos tinham vindo ou corpos onde agora moravam?
Outras questões, mais comezinhas, eram lançadas no livro de reclamaões celestiais. Milhões de Almas reclamavam que ressuscitaram sem placas dentárias. Milões de senhoras protestavam terem ressuscitado sem silicones mamários e que, para ser assim mais valia não terem ressuscitado. Preferiam ter fcado enterradas no cemitério, aguardando a vista dos familires, contemplando a bela foto.
Muitos, que tinham próteses de todo género, mas que tinham ressuscitado sem elas, protestavam, clamorosamente, pois que nem podiam estar de pé para ouvir a sentença!
Enfiam, a confusão era tal, que a Guarda Celestial preparava-se para dar umas celestiais cacetadas, mas aí, Deus, deixando escapar a expressão: -"ó valha-me Deus" (devia estar a referir-se a seu pai)e na sua infinita bondade, mandou suspender a ressurreição dos corpos. A todos informou que iria rever o regulamento atendendo aos tempos modernos.

O Diabo, ria, ria de gozação, ao ver no Céu aquele clima infernal! Afinal, Deus também falhava nas previsões. Fizera tantas obras no Céu, para nada. O Diabo, esse nem tinha começado as obras no Inferno porque o Careca não lhe tinha dado as previsões, mas na primeira oportunidade para falar com o Careca, havia de lhe moer a mona, tornar-le a vida num Inferno, para que S. Pedro recorresse aos fundos galácticos, sediados em Andrómenada, para mais umas achas. Afinal, a lenha estava muito cara e a carne as Almas cada vez mais duras e mais difíceis de churrascar!
Tenho a esperança de que cheguem a um acordo. Afinal o Bem e o Mal dividem o Governo do Mundo e das Almas! Dão-se bem! Entendem-se! Precisam um do outro!

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