Figas no Jornal de Notícias

Figas no Jornal de Notícias
Aquando da entrevista ao JN nos seus 120 anos.

Poder

Pensamento do Conde:
O poder não reside em quem pensa que manda mas sim em quem desobedece.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

As coisas são como são antes de deixarem de ser!



Filhos de abastados lavradores, que já não queriam só agradar ao senhor Abade mas sim à mais alta sociedade, (alguém lhes tinha fala num coisa de High Life) puseram seus filhos a estudar. Tanto mais que já tinham muitos tratores para lavrar as terras!



A construção civil estava a todo o vapor. Osa pais influenciaram seus filhos, não para doutores mas sim para engenharia e arquitetura.



Os dois irmãos, com diferença de um ano, ficaram formados, um em engenharia, outro em arquitetura. Trabalho não lhes faltou, graças aos proveitos de muitos São Migueis paternais. O primeiro trabalho, da parceria dos manos, foi a construção da residência paroquial da freguesia, quase que oferecida pelos pais ao senhor Abade, que ficou muito contente com o arrojo modernista do projeto e da perfeição da construção, embora tivesse havido uns acertos a fazer, fruto da primeira vez!



O Sr. Bispo foi informado, pelo senhor Abade, que caso precisasse de fazer obras na diocese ele recomendava os manos! Certo é que capelas, igrejas, residências paroquiais foram o ponto forte, enquanto as coisas foram como foram antes de serem diferentes. Realmente, a par da queda da diminuição da construção civil, também nas Igrejas, em vez de notas começaram a cair cêntimos nas bandejas, que não davam para reconstruir almas, quanto mais corpos!



Os irmãos, de repente, ficaram sem quase trabalho, o que afetou, sobremaneira o senhor Arquiteto, que tinha alto sentido estético, como tal tinha casado com uma psiquiatra, que além de eventualmente lhe tratar da cabeça, era muito bonita, gostava de vestir bem; só roupa de marca ou de autor, joias, peles, Ferraris, Porches, Iates e similares. Não havia problema, porque, da fonte de seu marido, como que milagre da Nossa Senhora, jorrava suporte financeiro, para que seu marido justificasse o chavão: “um homem só é verdadeiramente rico se ganhar mais do que a sua mulher consegue gastar”.



As consultas de psiquiatria não eram muitas, mas fazia um vistão quando chegava com seu Porsche, para justificar os cem euros por consulta. A pouco a pouco, após a morte dos sogros, do património herdado o total das rendas dava para manter o nível das despesas criado, mas as coisas são o que são até deixarem de ser! Foi o que começou a acontecer!



Caseiro após caseiro, devido à crise, por falta de trabalho, começaram a sair e as rendas para os senhorios a cair!

Uma ocasião, numa consulta, apareceu um caseiro, que não sabia que a psiquiatra era esposa do arquiteto seu senhorio, pedindo conselhos para tomar um caminho, que o livrasse da quase demência pela insolvência. Ao saber que, à sua frente estava um caseiro do marido, que não podia pagar rendas, não soube o que lhe aconselhar. O primeiro pensamento foi do género: “pague as rendas e fica aliviado. Fica melhor. Vai ver”. Contudo, refreou o pensamento e aconselhou a escrever uma carta ao senhorio, a explicar a sua situação financeira. Podia ser que o senhorio fosse um bom homem. Foi mesmo! Atrasou em dois meses a ordem de despejo!

Seu marido, andava deprimido.

Então não acontecera ter sido o autor do último e grandioso seminário da diocese, mas afinal, faltaram as vocações para as inscrições sacerdotais?! Assim, o futuro de mais capelas, igrejas e catedrais imaginava que nunca mais. As coisas são com são até que deixam de ser!



Cada vez mais menos rendas e cada vez mais vendas de joias, carros, iates, peles, casa de praia, para fazer face à falta de recebimento das rendas, que tinham caído em mais de cinquenta por cento! A vida estava a andar para trás! Cada vez mais caseiros a abandonar casas alugadas e a não serem alugadas de novo.



Uma tarde, ao regressar do consultório, mais cedo, por falta de clientes, agora no seu Renault Clio, encontrou seu marido e seu cunhado a jogaram aos legos!

Seu marido fazia o projeto, o cunhado construía!



Ela, tomou consciência de que as coisas são como são até que deixam de ser e, vai daí tomou a resolução de participar nos Cursos de Novas Oportunidades, matriculando-se num curso de rendas….de bilros, numa escola, em Vila do Conde.



Agora, enquanto marido e cunhado brincam aos legos ela vai bilrando.

Não sabe até quando. As coisas são até deixarem de ser!

………………………xxxxxxxxxxxxxx…………………..

Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo

Gondomar
As coisas são como são antes de deixarem de ser!




Filhos de abastados lavradores, que já não queriam só agradar ao senhor Abade mas sim à mais alta sociedade, (alguém lhes tinha falado numa coisa: The High Life) puseram seus filhos a estudar. Tanto mais que já tinham muitos tratores para lavrar as terras!



A construção civil estava a todo o vapor. Osa pais influenciaram seus filhos, não para doutores mas sim para a engenharia e arquitetura.



Os dois irmãos, com diferença de um ano, ficaram formados, um em engenharia, outro em arquitetura. Trabalho não lhes faltou, graças aos proveitos de muitos São Migueis paternais. O primeiro trabalho, da parceria dos manos, foi a construção da residência paroquial da freguesia, quase que oferecida pelos pais ao senhor Abade, que ficou muito contente com o arrojo modernista do projeto e da perfeição da construção, embora tivesse havido uns acertos a fazer, fruto da primeira vez!



O Sr. Bispo foi informado, pelo senhor Abade, que caso precisasse de fazer obras na diocese ele recomendava os manos! Certo é que capelas, igrejas, residências paroquiais foram o ponto forte, enquanto as coisas foram como foram antes de serem diferentes. Realmente, a par da queda da diminuição da construção civil, também nas igrejas, em vez de notas começaram a cair cêntimos nas bandejas, que não davam para reconstruir almas, quanto mais corpos!



Os irmãos, de repente, ficaram sem quase trabalho, o que afetou, sobremaneira o senhor Arquiteto, que tinha alto sentido estético, como tal tinha casado com uma psiquiatra, que além de eventualmente lhe tratar da cabeça, era muito bonita, gostava de vestir bem; só roupa de marca ou de autor, joias, peles, Ferraris, Porches, Iates e similares. Não havia problema, porque, da fonte de seu marido, como que milagre da Nossa Senhora, jorrava suporte financeiro, para que seu marido justificasse o chavão: “um homem só é verdadeiramente rico se ganhar mais do que a sua mulher consegue gastar”.



As consultas de psiquiatria não eram muitas, mas fazia um vistão quando chegava com seu Porsche, para justificar os cem euros por consulta. A pouco a pouco, após a morte dos sogros, do património herdado o total das rendas dava para manter o nível das despesas criado, mas as coisas são o que são até deixarem de ser! Foi o que começou a acontecer!



Caseiro após caseiro, devido à crise, por falta de trabalho, começaram a sair e as rendas para os senhorios a cair!

Uma ocasião, numa consulta, apareceu um caseiro, que não sabia que a psiquiatra era esposa do arquiteto seu senhorio, pedindo conselhos para tomar um caminho, que o livrasse da quase demência pela insolvência. Ao saber que, à sua frente estava um caseiro do marido, que não podia pagar rendas, não soube o que lhe aconselhar. O primeiro pensamento foi do género: “pague as rendas e fica aliviado. Fica melhor. Vai ver”. Contudo, refreou o pensamento e aconselhou a escrever uma carta ao senhorio, a explicar a sua situação financeira. Podia ser que o senhorio fosse um bom homem. Foi mesmo! Atrasou em dois meses a ordem de despejo!

Seu marido, andava deprimido.



Então não é que acontecera ter sido o autor do último e grandioso seminário da diocese, mas afinal, faltaram as vocações para as inscrições sacerdotais?!

Assim, o futuro de mais capelas, igrejas e catedrais imaginava que nunca mais.



As coisas são com são até que deixam de ser!



Cada vez mais menos rendas e cada vez mais vendas de joias, carros, iates, peles, casa de praia, para fazer face à falta de recebimento das rendas, que tinham caído em mais de cinquenta por cento! A vida estava a andar para trás! Cada vez mais caseiros a abandonar casas alugadas e a não serem alugadas de novo.



Uma tarde, ao regressar do consultório, mais cedo, por falta de clientes, agora no seu Renault Clio, encontrou seu marido e seu cunhado a jogaram aos legos!

Seu marido fazia o projeto, o cunhado construía!



Ela, tomou consciência de que as coisas são como são até que deixam de ser e, vai daí tomou a resolução de participar nos Cursos de Novas Oportunidades, matriculando-se num curso de rendas….de bilros, numa escola, em Vila do Conde.



Agora, enquanto marido e cunhado brincam aos legos ela vai bilrando.

Não sabe até quando. As coisas são até deixarem de ser!



O que ela, agora o que mais deseja é, quando admosteia seu marido, este logo logo lhe manda com "lá estás tu a bilrrar comigo!"



Ela, embora psiquiatra, está a pensar em mandá-lo para as consultas de psicologia. Os legos andam a fazer muito mal!

………………………xxxxxxxxxxxxxx…………………..

Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo

Gondomar

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